A realização é do Instituto Cultural da Feira de São Cristóvão. A feira e os mercados são os espaços privilegiados para conhecer os modos de comer, produzir e viver de uma região. E a de São Cristóvão converge essa multiplicidade de sotaques, cores e sabores. É, sem dúvida, um pedacinho do Nordeste no Rio de Janeiro. Por meio da comida, podemos fazer uma viagem por diversas origens e tradições populares.
Esse reduto é um dos lugares preferidos do seu Pacheco e sou frequentadora desde pequena. Assim, fui construindo, por meio da influência dele, uma visão sobre a alimentação que vai além de matar a fome, da satisfação em preparar, comer e compartilhar. Tem a ver com a origem, a memória e um gosto do qual não se quer desgarrar, porque este mantém vivo a presença do lugar.
Entre as receitas tradicionais preparadas pelo seu Pacheco, está a carne de sol com aipim frito. Meu pai lembra que quando a família tinha acesso à carne, fazia-se a salga, um método milenar de conservação. Mesmo sem geladeira, a peça durava por mais tempo.
Apesar do nome, a carne é pendurada no varal à sombra e fica da noite para o dia nesse “banho de lua”. No alvorecer, já está pronta para o consumo. A textura e a cor ficam semelhante à carne fresca, úmida e macia. Agora, o gosto tem um quê da terrinha.
Para acompanhar, é desejável uma boa porção de aipim frito e manteiga de garrafa. Pronto, está arranjado o banquete. Comer e cozinhar os sabores de sua terra natal é uma forma de manter viva as lembranças e transmitir as tradições.
Quem ficou com água na boca, na feira é possível comprar a peça da carne para preparar em casa ou saboreá-la em um dos restaurantes do local. A barraca da Chiquita – uma das mais antigas do pavilhão de São Cristóvão – é o nosso abrigo quando dá vontade de alimentar a alma com comida nordestina.
Se desejar conhecer mais sobre a história da feira e sua ligação com o Rio de Janeiro, a dica é o documentário Gente da feira: São Cristóvão, o Nordeste Carioca.
A mostra O Nordeste e sua gente! será inaugurada no dia 5 de outubro, a partir das 18h, no espaço Memória, dentro do Pavilhão. A feira funciona de terça à quinta, das 10h às 18h e nos finais de semana, das 10h de sexta às 20h de domingo. Se você estiver no Rio de Janeiro, vale ir.